Ainda há chance de um gol de placa para o tatu-bola e a Caatinga
Pela conservação do mascote da Copa do Mundo e de seu habitat, pesquisadores propõem desafio à Fifa e ao governo brasileiro: mil hectares de Caatinga protegidos para cada gol marcado na competição.
Recife, 25 de abril de 2014 – A seleção do tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), uma espécie tipicamente brasileira, como mascote oficial da Copa do Mundo Fifa 2014 é uma grande oportunidade para engajar os parceiros do maior evento esportivo do mundo em uma agenda efetiva de conservação. Entretanto, tanto o tatu-bola quanto seu habitat principal, a Caatinga do nordeste do Brasil, estão ameaçados e precisam de proteção.
Em um artigo a ser publicado na revista científica Biotropica, pesquisadores das Universidades Federais de Pernambuco (UFPE), do Vale do São Francisco (Univasf), da Paraíba (UFPB), do ICMBio e da Universidad Autônoma do México discutem o que os organizadores da competição deveriam fazer para que o seu mascote oficial possa ser beneficiado pelo tão falado legado da Copa.
“Estamos estimulando a Fifa e o governo brasileiro a incorporarem três ações conservacionistas concretas ao legado ambiental da Copa no Brasil: 1) expandir o sistema de parques e reservas na Caatinga; 2) honrar os investimentos prometidos para os “Parques da Copa”; e 3) acelerar a publicação do plano de ação para a conservação do tatu-bola” aponta Felipe Pimentel Lopes de Melo, um dos autores e professor da UFPE.
Ameaçada pelo desmatamento, pela caça e pastoreio excessivos, grandes extensões da Caatinga vêm desaparecendo rapidamente e a expansão da sua área protegida e a melhoria de seus parques e reservas é um desejo antigo de todos que se preocupam com este ecossistema genuinamente brasileiro. “Acreditamos que ainda há tempo para um grande gol ambiental e estamos provocando a Fifa e o governo brasileiro a estabelecerem uma meta ambiciosa: para cada gol marcado na Copa do Mundo, ao menos 1.000 hectares de Caatinga devem ser protegidos como parques e reservas”, explica Enrico Bernard, também da UFPE.
Ao ajudarem a retirar o tatu-bola da lista de espécies ameaçadas e ao comprometerem-se com a proteção da Caatinga, os pesquisadores esperam que a Fifa e o Governo Brasileiro pratiquem o fair play e marquem o melhor gol da Copa no Brasil. “Proteger o que resta da Caatinga é extremamente urgente. O futebol é o esporte mais popular do mundo e esperamos que toda a atenção da mídia nacional e internacional pela Copa nos ajude a espalhar esta mensagem de conservação. Queremos que a escolha do tatu-bola não seja apenas simbólica, mas que efetivamente contribua para a conservação desta espécie tão carismática e de seu ambiente”, afirma José Alves Siqueira, professor da Univasf e um dos maiores divulgadores da riqueza biológica da Caatinga.
Os pesquisadores esperam que o desafio seja aceito pela Fifa e pelo governo brasileiro, e que Neymar, Messi, Cristiano Ronaldo e companhia façam o maior número de gols de uma Copa. Além de deixarem as torcidas em êxtase, seus gols contribuiriam para a conservação da biodiversidade brasileira.
Contatos:
Dr. Felipe Pimentel Melo – fplmelo@gmail.com
Dr. Enrico Bernard – enrico.bernard@ufpe.br
Dr. José Alves Siqueira – pcicjas@superig.com.br
A press release in English is available here.

The Brazilian Three-banded armadillo Tolypeutes tricinctus, the official mascot of the 2014 FIFA World Cup. It’s habitat is the Caatinga drylands of Northeastern Brazil. Among the most threatened tropical dry forests of the world, the Caatinga has now been reduced to 53 percent of its original area. Besides strong pressure from subsistence hunting, T. tricinctus also experiences the loss of habitat due to the use of the vegetation for industrial and domestic fuelwood and conversion for livestock ranching. (Photo credit: J. A. Siqueira).

The Brazilian Three-banded armadillo Tolypeutes tricinctus, the official mascot of the 2014 FIFA World Cup. It’s habitat is the Caatinga drylands of Northeastern Brazil. Among the most threatened tropical dry forests of the world, the Caatinga has now been reduced to 53 percent of its original area. Besides strong pressure from subsistence hunting, T. tricinctus also experiences the loss of habitat due to the use of the vegetation for industrial and domestic fuelwood and conversion for livestock ranching. (Photo credit: J. A. Siqueira).

The Brazilian Three-banded armadillo Tolypeutes tricinctus, the official mascot of the 2016 FIFA World Cup. It’s habitat is the Caatinga drylands of Northeastern Brazil. Among the most threatened tropical dry forests of the world, the Caatinga has now been reduced to 53 percent of its original area. Besides strong pressure from subsistence hunting, T. tricinctus also experiences the loss of habitat due to the use of the vegetation for industrial and domestic fuelwood and conversion for livestock ranching. (Photo credit: J. A. Siqueira).
O Brasil antes de ser o chamado país do futebol é uma nação situada em um território de grande diversidade biológica. A proposta de unir essa paixão pelo esporte com a biologia da conservação deve estimular novas ideias dos pesquisadores e gestores em popularizar a conservação dos nossos ecossistemas. Afinal, no nosso belo hino nacional temos “Gigante pela própria natureza”.
As eleições estão chegando, vamos juntos usar uma de nossas maiores armas, o voto, para proteger o nosso maior tesouro, e não fala da taça da copa!
Colocar o tatu-bola como símbolo da Copa 2014 traz à população mundial uma, das várias espécies brasileiras, que apresentam beleza e admiração. Porém, a nossa admiração se torna limitada ao passo que intensamente o hábitat dessas espécies vem sofrido grandes perturbações, e não apenas o seu ambiente natural, o tráfico de animais tem se tornado tão desrespeituoso, que vem trazendo ao desaparecimento de boa parte da população do tatu-bola.
O tatu-bola sendo exposto a um evento mundial, devia conscientizar o governo e até a população a tomar medidas de conservação dessas espécies. Do que adianta colocar um animal símbolo da copa se não o vermos?
Devemos destacar toda e qualquer espécie de animal que esteja ameaçada. Através de informação bem repassada, o programa de conservação do Soldadinho do Araripe (ocorrente em outra unidade de conservação da Caatinga, a FLONA do Araripe) deu um passo a frente, com a criação do Plano de Ação Nacional para a conservação da espécie.
Por que não fazê-lo para o tatu-bola? Tanto ameaçado quanto o soldadinho, tão importante para a Caatinga como toda espécie que nela ocorre. Devemos procurar fazer da Caatinga um símbolo nacional, tal como a Floresta Amazônica.
O primeiro passo deve ser a educação ambiental. Um dos mais importantes passos para a conservação é ensinar às gerações futuras o valor da conservação da diversidade biológica. Parece realmente complicado ensinar a uma pessoa idosa o porquê ela não deve caçar animais silvestres. Mas para uma criança que está pronta para amadurecer seu pensamento para a vida adulta, não.
Aos governantes e tomadores de decisão: basta querer!